O sentimento mais próximo que uma pessoa pode ter com um filme é o sentimento de reconhecimento. Se aquela história que você assiste parece com a tua ou aquele personagem parece contigo na aparência ou no jeito de agir ou pensar, você involuntariamente vai gostar daquele filme. De graça.

O filme Dumplin’ teve esse efeito em mim desde o trailer (que pude ver porque foi compartilhado pela autora de livros adolescentes que mais li na vida: Meg Cabot) e o sentimento de ver uma parte de mim realizada a cada cena continuou até o último minuto.

Em uma sociedade que idolatra a perfeição estética e condena e ridiculariza quem não está dentro do padrão, ser gorda, por exemplo, é quase um atestado de incompetência. Falo isso porque vejo e sinto isso diariamente(em casa e na rua). É verdade que muito tem se discutido e uma parte dos seres humanos aprendeu a respeitar a vida e as escolhas alheias, mas infelizmente existem mais pessoas para jogar pedras do que para se preocupar ou incentivar.

No filme, conhecemos Willowdean Dickison, uma garota que desde criança era gordinha. Mas fora criada com o amor e o incentivo constante de sua tia Lucy que a ensinava exatamente como deveria encarar a vida, não deixando que nada apagasse o brilho no olhar da pequena Will.

Willowdean não tinha muito contato com sua mãe Rose(interpretada pela nossa eterna Rachel, Jennifer Aniston) que foi coroada como miss do concurso de beleza da cidade e desde esse título era a responsável pela seleção e treinamento das futuras candidatas à miss.

O preconceito que Rose tinha com o corpo de Willowdean começa a ser diretamente sentido quando tia Lucy falece, preconceito esse já existente na escola com bullyings diários a ofendendo por seu peso. Como a miss mais conhecida da cidade poderia ter como filha uma garota que não é magra? Isso irritava profundamente Willowdean, que resolveu desafiar a mãe se candidatando à miss do concurso que Rose a tantos anos organiza e idolatra.

A revolução individual de Willowdean representou a maior superação pessoal de sua vida. Quantos de nós já desistiu de algo por achar que não éramos capazes o suficiente? Quantas palavras ferinas já te destruíram tanto a ponto de te impedir temporariamente de erguer a cabeça e seguir em frente? Falo em meu nome e em nome da personagem que muitas pessoas acima do peso passam por humilhações, chacotas e preconceitos diários. De forma absolutamente gratuita. Se não fosse a força em transpor tudo o que vemos e ouvimos num anseio de mostrar que temos capacidade intelectual, física e moral de fazer tudo o que os ditos “perfeitos” fazem, apesar de todos os preconceitos, acabaríamos por achar que não merecemos amor, nem atenção, nem respeito.

O filme aborda esse alvo, mas sabemos que muitos são os alvos de todo tipo de intolerância e desrespeito e que precisamos evoluir muito como sociedade e como seres humanos para que isso seja mudado. Willowdean, apesar de desde o início não querer ser coroada como a incentivadora de uma revolução maior, acaba servindo de exemplo pra muitos de nós que ainda insiste em se melindrar com o que os outros pensam, que ainda pensa não ser digno de respeito e amor, que não se julga bom ou forte o suficiente pra continuar. É um filme de incentivo, de amor, de amizade e de buscar a força interior pra mostrar pra todos o melhor de nós, ainda que existam forças contrárias.

Uma nota pessoal é que ao invés de Dumplin’, apelido pejorativo que Rose deu à filha , chamando-a de ” bolo de massa”, o filme poderia facilmente ser chamado de Lucy. Quem o assistir entenderá o verdadeiro porquê.

É um filme da Netflix que infelizmente não foi disponibilizado na plataforma para nós, brasileiros. Ainda.

Mas é facilmente encontrado em sites de torrent. Divirta-se e revolucione também sua própria vida. ❤️

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